sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Termos psicológicos disposicionais em análise do comportamento

Autor: Daniel Gontijo

Há um tempo atrás, trombei com o interessante artigo "Termos psicológicos disposicionais e análise do comportamento". Nele, Filipe Lazzeri e Jorge M. Oliveira-Castro (2010) discutem a crítica de Skinner sobre o uso de termos mentalistas e vernaculares em uma ciência do comportamento. Para o fundador do behaviorismo radical, termos como "inteligência", "extroversão" e "responsabilidade" -- alguns exemplos de termos psicológicos disposicionais (TPDs) -- seriam inadmissíveis, porquanto "coisificariam" ou "substancializariam" fenômenos comportamentais. Se os admitíssemos, correríamos o risco de deixar que eles tomem para si o papel de explicar certos comportamentos, incorrendo portanto num dos problemas básicos do internalismo. Mas Lazzeri e Oliveira-Castro veem uma solução para esse impasse: em vez de tratá-los como entidades, construtos ou variáveis latentes que causam ou dão início ao comportamento, podemos concebê-los como termos que fazem menção a certas respostas que ocorrem regularmente em certos contextos.

domingo, 19 de agosto de 2012

Nota sobre nossa mesa redonda do XXI Encontro da ABPMC

Autor: Daniel Gontijo

No dia 17 de agosto, Pedro Sampaio, Júnio Rezende e eu compusemos a mesa redonda intitulada "Comportamento Religioso: Aspectos Teóricos, Metodológicos e Sociais" no XXI Encontro da Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental (ABPMC). A sala encheu mais do que esperávamos, e a maior parte dos feedbacks nos deixou efusivamente animados para seguir adiante com a complicada e polêmica tarefa de compreender o comportamento religioso. Apesar disso, algo sobre o conteúdo das apresentações e sobre a impressão que esse conteúdo deixou em algumas pessoas merece ser esclarecido.

Da esquerda para a direita, Alexandre Dittrich (coordenador), Pedro Sampaio, Daniel Gontijo e Júnio Rezende.

domingo, 12 de agosto de 2012

Bases Epistemológicas do Behaviorismo Radical - Parte 3

Autor: Pedro Sampaio


A nota introdutória da Parte 1 continua valendo aqui também. As partes dessa série são mais ou menos independentes, mas é recomendável que tenham lido as anteriores antes de prosseguir:

Parte 1: Behaviorismo Radical e Ciência
Parte 2: O problema mente-corpo e a continuidade entre espécies



Parte 3: Conhecimento, Realidade e Critério de Verdade

Para o Behaviorismo Radical conhecimento não é uma posse, mas uma probabilidade de o indivíduo agir sobre o mundo de modos produtivos (TOURINHO, 2003). Esse posicionamento é inspirado na filosofia da ciência de Ernst Mach.


Mach não se compromete com a dicotomia “verdadeiro – falso”, mas prefere trabalhar em termos de conhecimento e erro. Podemos dizer que, para Mach, conhecimento seriam maneiras eficazes de atuar sobre seu objeto de estudo – teórico ou prático – que permitam alcançar certos objetivos, e erro seriam maneiras ineficazes, ou menos eficazes, desta abordagem ao objeto de estudo. Esta posição de Mach é pragmatista: “é sem importância para um cientista, diz Mach, que suas representações estejam ou não de acordo com tal sistema filosófico; o essencial é que ele possa tomá-las, com êxito, como ponto de partida de suas pesquisas.” (FULGÊNCIO, 2006, p.92).

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Bases Epistemológicas do Behaviorismo Radical - Parte 2


Autor: Pedro Sampaio

A nota introdutória da parte 1 (link) continua valendo. Aliás, se não leram ainda a primeira parte, recomendo que leiam antes de prosseguir.


O problema mente-corpo



É salutar, ao analisar a epistemologia de uma determinada teoria psicológica, posicioná-la com relação ao problema mente-corpo. Isto permite posicionar determinada corrente de pensamento como crente ou não da possibilidade de existência de algo imaterial, imanente, transcendente e igualmente na possibilidade de algo físico interagir com o não-físico. No caso de correntes psicológicas, torna-se especialmente relevante por poder demonstrar se o seu próprio objeto de estudo é algo imaterial e cientificamente insondável ou não.