Seção Circulando Ideias
Uma
das principais contribuições de Skinner diante das formas anteriores de
comportamentalismo e à Psicologia como um todo foi a asserção de que
eventos privados estão sujeitos às mesmas leis naturais que outros
eventos comportamentais. Com isso, pensamentos, emoções e imaginação
saíram do limbo onde haviam sido colocados pelos behavioristas
metodológicos, mas também desceram do pedestal onde eram mantidos pelas
psicologias mentalistas, passando a ocupar posição de igualdade com
outros eventos comportamentais, pelo menos de um ponto de vista
epistemológico.
Apesar da proposição, existe um
viés cultural que dá importância especial àquilo que ocorre “debaixo da
pele”. No senso comum, o acesso a eventos privados seria responsável
pelo fato de uma pessoa ter um conhecimento sobre si próprio
(autoconhecimento – tomado como repertório autodescritivo) superior ao
conhecimento que outras pessoas tem dela. Em uma visão comum, nossas
ideias, pensamentos e emoções definem aquilo que nos torna únicos e
especiais. Tal viés ainda permeia algumas análises comportamentais, como
ocorre às vezes em descrições sobre emoções, auto-regras e
autoconhecimento.
Surge um impasse na tentativa
de explicar tal forma de autoconhecimento em uma análise comportamental
quando reconhecemos que o conhecimento sobre si próprio é construído
nas relações interpessoais. Relatos sobre o próprio comportamento são
aprendidos mediante contingências dispostas pela comunidade verbal, e
tais contingências só podem operar quando essa comunidade tem acesso ao
nosso comportamento. O que acontece quando nosso comportamento não é
acessível por ninguém mais além de nós mesmos?