domingo, 12 de agosto de 2012

Bases Epistemológicas do Behaviorismo Radical - Parte 3

Autor: Pedro Sampaio


A nota introdutória da Parte 1 continua valendo aqui também. As partes dessa série são mais ou menos independentes, mas é recomendável que tenham lido as anteriores antes de prosseguir:

Parte 1: Behaviorismo Radical e Ciência
Parte 2: O problema mente-corpo e a continuidade entre espécies



Parte 3: Conhecimento, Realidade e Critério de Verdade

Para o Behaviorismo Radical conhecimento não é uma posse, mas uma probabilidade de o indivíduo agir sobre o mundo de modos produtivos (TOURINHO, 2003). Esse posicionamento é inspirado na filosofia da ciência de Ernst Mach.


Mach não se compromete com a dicotomia “verdadeiro – falso”, mas prefere trabalhar em termos de conhecimento e erro. Podemos dizer que, para Mach, conhecimento seriam maneiras eficazes de atuar sobre seu objeto de estudo – teórico ou prático – que permitam alcançar certos objetivos, e erro seriam maneiras ineficazes, ou menos eficazes, desta abordagem ao objeto de estudo. Esta posição de Mach é pragmatista: “é sem importância para um cientista, diz Mach, que suas representações estejam ou não de acordo com tal sistema filosófico; o essencial é que ele possa tomá-las, com êxito, como ponto de partida de suas pesquisas.” (FULGÊNCIO, 2006, p.92).

A filosofia machiana e o pragmatismo (se é que podemos separar ambos[1]) são assumidamente – inclusive repetidas vezes pelo próprio Skinner - as concepções behavioristas radicais de conhecimento, realidade e critério de verdade (vide BAUM, 1999; CARRARA, 1998; LAURENTI, 2004; SKINNER, 1974; SKINNER 1989; entre outros). E o fato de conhecimento nada mais ser que modos eficazes de atuação está diretamente relacionado com as concepções de realidade e critério de verdade no Behaviorismo Radical. Afinal, assume-se esta postura simplesmente porque a ideia de verdadeiro e falso, como se existisse uma verdade imutável, uma correspondência inequívoca com uma realidade externa, são consideradas epistemologicamente ingênuas por Skinner. Logo, para ele, proposições, teorias e conceitos verdadeiros nada mais seriam que aqueles que produzem consequências efetivas para quem as formula, e, falsos, apenas na medida em que não produzem consequências efetivas.

Isso também é conseqüência do fato do  Behaviorismo Radical ser agnóstico com relação à existência de uma realidade externa, imutável e apreensível ou não por nós (BAUM, 1999, p.38). Para um behaviorista radical, estes são pseudo-problemas, já que não são passíveis de serem respondidos: se tudo que apreendemos tem como intermediários nós, então sempre será possível questionar a existência da realidade per se – independente de nós – e igualmente em que medida ela é apreensível. A distinção, portanto, entre a realidade em si e o que apreendemos dela, mesmo se existir, é inútil, porque, falando em termos práticos, tudo que a ciência tem como suporte são aparências – isto é, observações ou experiências.
Como aponta Baum (1999):

O pragmatista (behaviorista radical) não tendo nenhum compromisso com a idéia de comportamento real, pergunta apenas qual das maneiras de descrever o comportamento do homem é mais útil ou, nos termos de Mach, mais econômica – isto é, qual delas nos dá a melhor compreensão ou a descrição mais coerente. (BAUM, 1999, p.44)

Esta posição, muitas vezes ressaltada por Skinner, é oposta ao que frequentemente é dito sobre o behaviorismo radical. Em “Ciência e Comportamento Humano” (1953), diz:

Há outros meios pelos quais o observador e o observado interagem. O estudo distorce a coisa estudada. Mas não há problema aqui que seja peculiar ao comportamento humano. Aceita-se hoje, como um princípio geral do método científico, que em certa medida é necessário interferir em qualquer fenômeno no ato de observá-lo. O cientista pode influir sobre o comportamento no ato de observar e analisar, e deve certamente levar em consideração essa influência. (SKINNER, 1953/1970, p.20-21)

E, mais de vinte anos depois, em “Sobre o Behaviorismo” (1974), ainda reafirmava:

Seria absurdo, para o behaviorista, argumentar que está, de alguma maneira, isento em sua análise. Não pode colocar-se fora da corrente causal e observar o comportamento de um ponto especialmente vantajoso, “empoleirado no epiciclo de Mercúrio”. No próprio ato de analisar o comportamento humano ele está-se comportando – assim como, no próprio ato de analisar o pensamento, o filósofo está pensando. (SKINNER, 1974/2006, p.199)

Então Skinner difere o Behaviorismo Radical do empirismo e de algumas versões do positivismo também em sua concepção de realidade e produção de conhecimento, à medida que não separa o observador do observado e o próprio comportamento do cientista é objeto de estudo de uma ciência do comportamento. Neste contexto, os conceitos de subjetividade e objetividade tomam outra dimensão:

Seria correto dizer que o conflito entre subjetividade e objetividade se resolve para o pragmatismo em favor da subjetividade. Uma vez que a existência de um mundo real, objetivo, não é necessária, a objetividade, se é que tem algum significado, poderia ser no máximo uma qualidade da investigação científica. Para o pragmatismo, seria coerente simplesmente abandonar os dois termos de uma vez. (BAUM, 1999, p.42-43)

Não adianta fazer cara feia; simplesmente não somos super-humanos. Objetividade e subjetividade se confundem e, não, isso não valida o relativismo, como argumento aqui e aqui.

O pragmatismo tem muitas vinculações com a Navalha de Occam, um princípio fundamental da ciência de modo geral. O filósofo do conhecimento Pontes de Miranda diz, por exemplo: “A navalha de Occam é útil. Mais: é indispensável. Longe estamos, portanto, de tê-la como desaconselhável e muito menos prejudicial. Sequer, como prescindível.” (MIRANDA, 2005, p.316)

A Navalha de Occam postula que a explicação para qualquer fenômeno deve assumir apenas as premissas estritamente necessárias à explicação do fenômeno e eliminar todas as que não causariam qualquer diferença aparente nas predições da hipótese ou teoria. É um princípio de economia, parcimônia e simplicidade, sendo uma ferramenta lógica que permite escolher, entre várias hipóteses a serem verificadas, aquela que contém o menor número de afirmações não demonstradas.

No behaviorismo radical a adoção deste princípio de economia tem implicações muito claras. Sendo conhecimento relacionado com efetividade, esta efetividade também está susceptível aos princípios científicos de simplicidade, parcimônia e economia. Ou seja, se temos duas formas de conhecimento igualmente efetivas (ou de difícil emissão de juízo sobre suas efetividades), a que contém o menor número de afirmações não-demonstradas será a mais verdadeira, ou seja, a mais efetiva e que permite melhor atuação/compreensão sobre o objeto de estudo.
Isso significa, para Skinner, evitar metáforas e analogias na produção de conhecimento sempre que possível:

Ao apresentar as relações descobertas pela análise experimental do comportamento, usam-se pouco as metáforas e analogias de outras ciências. Os relatórios raramente contêm expressões como codificar, leitura de memória, circuitos de reverberação, canais sobrecarregados, registro, pressão, fluxo, drenagem, redes, centros, ou agrupamentos celulares. (…) A vantagem em representar os processos sem usar a metáfora, o mapa, ou uma estrutura hipotética é que não se cai em erro por um senso espúrio de ordem ou rigor. (SKINNER, 1984, p.236)

No fundo, é este princípio que faz com que o behaviorismo radical rejeite os chamados “mentalismos”, assim como constructos diversos de diferentes linhas teóricas. Para Skinner, estes não acrescentam nada à explicação do fenômeno que se propõem a explicar, ou seja, não permitem que o cientista atue de maneira mais eficiente sobre ele e muitas vezes resultam no sentido contrário: confundem as metáforas e analogias com os próprios fenômenos aos quais as metáforas e analogias serviriam apenas para ajudar a compreender, assim como estendem os constructos didáticos para além de seu propósito meramente didático sobre um ponto em específico.

Esta postura com relação às metáforas e analogias é, na verdade, idêntica à de Mach. Para Mach, o uso de analogias era prática comum em ciência, com uma clara utilidade: as analogias serviriam como modelos para apreender os fenômenos, explicar suas relações, tornando possível formular e resolver certos problemas empíricos por meio de uma ficção teórica. O seu propósito é, ao comparar algo conhecido com algo desconhecido, o de levar o cientista a descobrir relações não visíveis (FULGÊNCIO, 2006).

No entanto, para Mach, apesar das analogias serem usuais, eram também um tanto perigosas, pois
têm apenas uma validade heurística, devendo, com o amadurecimento da ciência, “ser aniquiladas, pela crítica implacável, tendo em vista os fatos, antes que uma delas possa desenvolver-se e ter uma permanência mais longa” (Mach, 1905/1920, p. 113, apud FULGÊNCIO, 2006).

Por adotar perspectiva similar, Skinner também não tem aversão à utilização de conceitos, analogias ou à especulação, muito pelo contrário, nunca se furtou de utilizá-los. Conceitos propiciam economia à discussão, analogias ajudam na compreensão de muitos fenômenos e a especulação é parte integrante da produção de conhecimento científico. O próprio Skinner é claro a este respeito:

Um autor disse recentemente: “A mera especulação, que não pode ser submetida à prova da verificação experimental, não faz parte da Ciência”; se isso fosse verdade, porém, grande parte da Astronomia ou da Física Atômica, por exemplo, não seria ciência. A especulação é de fato necessária para a ideação de métodos capazes de proporcionar melhor controle de um determinado assunto. (SKINNER, 1974/2006, p.21)

O que o behaviorismo radical postula é a cautela na utilização destes recursos, evitando que algo que tem uma utilidade pontual na compreensão de um fenômeno seja excessivamente estendido, tornando-se apenas ginástica intelectual. Igualmente, que estes recursos possam ser eliminados quando houver outra proposta que lide tão efetivamente quanto (ou mais efetivamente) com o fenômeno, sem serem necessárias as metáforas, analogias, os conceitos e que a especulação seja substituída por algo devidamente evidenciado.


É claro, portanto, que o behaviorismo radical está bem mais próximo das concepções científicas contemporâneas do que dos modelos positivistas do século XIX e começo do século XX. Isso se estende ao modelo causal adotado, que se afasta do mecanicismo (algo brevemente abordado na parte 1, Behaviorismo Radical e Ciência) e trabalha em termos de funções. Este modelo causal também é de inspiração machiana:

Ela [nova explicação proposta por Mach] abandona a noção de causalidade mecânica e se reduz à descrição de relações funcionais entre sensações. Explicar é descrever relações ordenadas entre fatos observados. Estas relações funcionais adotadas como explicação substituem, com o desenvolvimento da ciência, as noções tradicionais de causa e efeito. Tais relações não determinam causas de efeitos, mas determinam funções entre os fatos. (MICHELLETO, 2001, p.37)

O que não quer dizer que seja abandonada a causalidade[2], já que o behaviorismo radical é determinista. O determinismo é um pressuposto para uma proposta científica, do contrário - ou seja, se houvessem fenômenos sem causa, de surgimento espontâneo e arbitrário -, não haveria por que estudá-los cientificamente. Como o Behaviorismo Radical é agnóstico com relação a uma realidade última, ele não vai dizer que as coisas em si são determinadas, mas que o determinismo é um pressuposto útil: pressupor que todos os fenômenos são determinados nos permite buscar seus determinantes na tentativa de compreender, prever e agir sobre esse fenômeno; se partíssemos do pressuposto de que não são determinados, não haveria razão para investigá-los, e estuda-los não nos diria nada sobre eventos futuros (DITTRICH, 2009).

No caso do behaviorismo radical, sua concepção do determinismo merece ainda algumas considerações. Como aponta Carrara (1998):

Nesse sentido, assevera Skinner que todas as ações são necessariamente determinadas, entendido o determinismo, aqui, fundamentalmente como uma doutrina a assegurar causa a todo e qualquer fenômeno. Mais do que isso, vincula-se a um determinismo probabilístico, onde não se pode prever o fato exato do próximo acontecimento, mas a probabilidade de que ele ocorra, em razão da história de interações do organismo com o ambiente. Sob essa ótica, tal determinismo lida com uma expectativa de ocorrência e não com uma predição certa, mas probabilística. (CARRARA, 1998, p.144-145)

O determinismo probabilístico faz o behaviorismo radical ser uma filosofia que rejeita a ideia de predição exata, controle absoluto, certeza e outros termos almejados pelos primeiros cientistas. Tudo quanto o behaviorista radical pode trabalhar é com probabilidades e quanto maior o controle sobre as variáveis, maior controle sobre as probabilidades, mas nunca chegando a 100%.

Isso quer dizer que certeza é uma ideia pobre e o máximo que podemos esperar são verdades provisórias, à medida que nos permitem agir e interagir melhor com o mundo. A ciência, assim como a filosofia, seria uma atividade inexaurível e nem por isso menos formidável: sua incompletude faz parte do seu charme.



Nota:

[1] Behavioristas do meu Brasil, não enfartem. Quando questiono se é possível separar a filosofia machiana do pragmatismo, refiro-me apenas àquele ponto, a respeito da visão de conhecimento. Nisso, me parecem idênticos.

[2] Antes que venham falar sobre relações funcionais, variável independente e variável dependente, leiam a nota introdutória da parte 1, como sugeri no começo do texto. Falar de "causa" auxilia o leitor leigo e permite a compreensão sem que eu entre em detalhes.


Referências:

BAUM, William M., Compreender o behaviorismo: Ciência, Comportamento e Cultura – Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999

CARRARA, Kester. Behaviorismo radical: crítica e metacrítica. São Paulo, Marília: UNESP / FAPESP, 1998

DITTRICH, A. Uma defesa do determinismo no behaviorismo radical. In: WIELENSKA, R.C, Sobre comportamento e Cognição: desafios, soluções e questionamentos. v.231ª Ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2009

FULGENCIO, Leopoldo. O método analógico. Estilos clin. v.11 n.21 São Paulo dez. 2006

LAURENTI, Carolina. Hume, Mach e Skinner: a explicação do comportamento. – São Carlos, UFSCar, 2004

MICHELLETO, N. Bases filosóficas do behaviorismo radical. In BANACO, Roberto Alves et al. Sobre Comportamento e Cognição: aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise do comportamento e terapia cognitivista. 1ª edição, Santo André, SP. Editores Associados, 2001

MIRANDA, Pontes de. O problema fundamental do conhecimento. 2 Ed. Campinas: Bookseller, 2005

SKINNER, B.F. A psicologia pode ser uma ciência da mente?. 1949. Disponível em: http://www.terapiaporcontingencias.com.br/pdf/skinner/A_Psicologia_pode_ser_uma_ciencia_da_mente.pdf

SKINNER, B.F. Ciência e comportamento humano. 2ª edição – Editora Universidade de Brasília, 1970
Original de 1953

SKINNER, B.F.. Sobre o behaviorismo/ 10ª edição – São Paulo: Cultrix, 2006

SKINNER, B.F. Contingências de reforço: uma análise teórica. 2.ed – São Paulo: Abril Cultural, 1984.

TOURINHO, E.Z, A produção de conhecimento em psicologia: a análise do comportamento; Psicol. cienc. prof. v.23 n.2 Brasília jun. 2003

TOURINHO, E.M. Relações comportamentais como objeto da Psicologia: algumas implicações. Interação em Psicologia, 2006, 10(1), Curitiba, 2006 Disponível em:<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/view/5792/4227

12 comentários:

  1. Que texto bom! Está de parabéns. Aliás, a série toda é estupenda!

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    1. Obrigado, Kellerson! Fico muito contente, de verdade.

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  2. "O que não quer dizer que seja abandonada a causalidade, já que o behaviorismo radical é determinista. O determinismo é um pressuposto para uma proposta científica, do contrário - ou seja, se houvessem fenômenos sem causa, de surgimento espontâneo e arbitrário -, não haveria por que estudá-los cientificamente."

    Por que não haveria razão para estudar cientificamente fenômenos sem causa? Por que seria o determinismo um "pressuposto útil" para a prática científica? Diversas ciências postulam fenômenos sem causa e os estudam cientificamente sem problemas metodológicos alguns. O indeterminismo é justamente a defesa de que fazer ciência NÃO tem a ver com "buscar causas" para os fenômenos e muitos analistas do comportamento não vêem mais razões suficientes para que o pragmatismo em geral e o behaviorismo radical em particular continuem aferrados ao determinismo.

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    1. Eu apenas apresentei a visão predominante. Disse que iria omitir algumas controvérsias e o fiz. Essa é uma delas.

      Não há razão para estudar fenômenos sem causa porque, por já considerarmos que são de surgimento espontâneo e independente, ele simplesmente "brotará" novamente, sem termos o menor controle sobre ele. Não podemos nem jamais poderemos prevê-lo ou agir sobre ele, manipulando seus determinantes para que ocorra com mais ou menos frequência. Podemos apenas descreve-lo topograficamente, o que é inútil para um analista do comportamento.

      O determinismo é um pressuposto útil justamente por pressupor que, mesmo que a gente desconheça as causas, elas existem e devem ser buscadas - como aliás, inumeráveis vezes desconhecíamos as causas que apenas mais tarde descobrimos existirem. Pressupor que não existe, freia a investigação delas, barra o conhecimento.

      E tem havido um mau uso, especialmente por filósofos ditos "pós-modernos", de termos, especialmente da Física (mas alguns da Química também, como delira o Prigogine), para justificar indeterminismos. O mais prostituídos é o Princípio da Incerteza, que, hoje posso te garantir, nada tem a ver com indeterminismo.

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  3. Texto exemplar de como produzir conteúdo de qualidade na internet. Não li ainda as outras partes, mas vou ler.

    Apenas um apontamento do pode ser uma pequena contradição. Você diz que apenas existem verdades "à medida que nos permitem agir e interagir melhor com o mundo." Mas pouco antes coloca em xeque a distinção objetividade e subjetividade, sujeito e mundo. Foi deslize ou poesia?

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    1. Teve um pouco de poesia, mas não acho que tenha sido deslize. Mesmo adotando uma postura crítica da dicotomia da objetividade/subjetividade, ainda é plausível falar em "agir sobre o mundo", por ser um termo útil, logo, pragmatisticamente justificado.

      Similarmente, o behaviorismo radical falará de "organismo" e "ambiente", o que também poderia ser uma contradição. Mas não é porque são operacionalmente justificados.

      No mais, obrigado pelos elogios!

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    2. Pedro, seu trabalho está muito bom; claro, bem articulado e fundamentado, porém, vai me desculpar caro colega, mas o fato de ser operacional ou pragmaticamente justificado não resolve a contradição. E não adianta também argumentar que se trata de uma maneira didática de tratar o assunto ou que é a linguagem e o uso que se faz dela que impõem certas imprecisões porque, na verdade, o problema está na concepção e em seus fundamentos. Quando se fala em "agir sobre o mundo", está muito claro que se está considerando a existência, por um lado, de um "mundo" que sofre a ação de algo que, portanto, não é ele mesmo e, por outro lado, de um agente que imprime sua atividade sobre este mundo e ao fazê-lo, modifica-o ao mesmo tempo em que modifica-se. Portanto, qualquer epistemologia, que na minha opinião, se pretenda respeitável, precisa resolver claramente a relação sujeito/objeto em conformidade com a constatação evidenciada pela descrição: "ele age sobre o mundo". Passar a navalha nesse problema e simplesmente se declarar agnóstico é incorrer num erro que fere o próprio princípio da efetividade, pois você há de concordar que um conhecimento mais amplo e profundo será sempre mais efetivo que outro mais parcial e superficial. Considerar esse um pseudo-problema afirmando não ser passível de ser respondido denota, a meu ver, mais uma limitação intelectual do que qualquer outra coisa. Por não conseguir resolver a questão, preferem acreditar que não é importante e acabam mesmo não percebendo que estão mutilando o próprio objeto de estudo. Infelizmente enquanto não perceberem esta limitação e continuarem a considerar as aparências, as observações e as experiências como sinônimos e como sendo o suporte ou fundamento último do conhecimento, os behavioristas continuarão mal compreendidos pois continuarão tropeçando nas próprias pernas e tendo que dar explicações para contradições como essas, recorrendo sempre, entre outras coisas, às imperfeições da linguagem.

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  4. Rapaz, com textos assim é imperioso que não se limite à internet e vá já publicar em periódicos! Não por você, mas pelos outros, pela academia!

    Meus parabéns!

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    1. Obrigado, João!

      Pretendo sim, modificá-lo e publicar em breve!

      Abraços

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  5. Muito informativo e bem escrito! Meus parabéns!

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  6. "Logo, para ele, proposições, teorias e conceitos verdadeiros nada mais seriam que aqueles que produzem consequências efetivas para quem as formula, e, falsos, apenas na medida em que não produzem consequências efetivas."

    O que seria essa consequencia efetiva ?
    Eu ainda n entendo muito de pragmatismo.. mas tenho uma duvida muito grande..
    Em um outro post, vi que o Behaviorismo é materialista monista, entao rejeita a ideia de uma substancia imaterial, como a mente. Mas qual criterio de verdade foi utilizado? Que isso n é efetivo? E se uma pessoa que ve espirito explica seu comportamento como uma obsessao e isso é efetivo pra ela quer dizer que espiritos existem? Só pra ela ou todo mundo? Estou confusa :s

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