sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Bases Epistemológicas do Behaviorismo Radical - Parte 2


Autor: Pedro Sampaio

A nota introdutória da parte 1 (link) continua valendo. Aliás, se não leram ainda a primeira parte, recomendo que leiam antes de prosseguir.


O problema mente-corpo



É salutar, ao analisar a epistemologia de uma determinada teoria psicológica, posicioná-la com relação ao problema mente-corpo. Isto permite posicionar determinada corrente de pensamento como crente ou não da possibilidade de existência de algo imaterial, imanente, transcendente e igualmente na possibilidade de algo físico interagir com o não-físico. No caso de correntes psicológicas, torna-se especialmente relevante por poder demonstrar se o seu próprio objeto de estudo é algo imaterial e cientificamente insondável ou não.

O problema mente-corpo diz respeito à crença (ou descrença) de que existem duas instâncias separadas e de propriedades diferentes que constituem o ser humano: a mente – que seria o aspecto imaterial responsável pelo pensamento, criatividade, emoções e personalidade (em muitos casos, a essência) do sujeito; e o corpo – que é a parte orgânica, responsável pelas funções biológicas e seria a parte material e física que a mente habita, e opera no mundo através dele.

Há ao menos dois posicionamentos filosóficos diante de tal problemática. Pode-se crer nesta divisão, que é o chamado dualismo. Ou acreditar que não existe esta divisão, que as coisas às quais o termo “mente” se refere acontecem no corpo e são indissociáveis dele. Esse posicionamento é chamado monismo.

O Behaviorismo Radical é uma das epistemologias, particularmente entre as psicológicas, que se posiciona de maneira mais clara com relação ao problema mente e corpo: ela é assumidamente monista, ou seja, rejeita que haja algo imaterial e não-físico a que chamamos “mente” que atua sobre, mas se separa do que chamamos “corpo”.

Voltamos a lembrar que, ao rejeitar a idéia de “mente”, o Behaviorismo Radical não rejeita as coisas pelas quais supostamente ela seria responsável, tais como pensamentos, emoções e criatividade. Ele rejeita, isso sim, qualquer forma de sobrenaturalismo e imaterialismo até que haja evidências do contrário e considera o constructo “mente” desnecessário à explicação do comportamento (público ou privado) humano. Como ressalta Baum: “A objeção dos behavioristas radicais ao mentalismo é na realidade uma objeção ao dualismo” (BAUM, 1999, p.53)

Grande parte desse histórico mal entendido de que o Behaviorismo Radical “nega a mente” se deve ao fato de tomar o comportamento como objeto de estudo, ao invés da mente, o inconsciente, aparelho psíquico, processos cognitivos e outros. Mas o que o Behaviorismo Radical entende por comportamento é diferente do uso do termo no senso comum e até mesmo nas demais abordagens psicológicas. Se o senso comum e as demais teorias psicológicas costumam entender comportamento como sinônimo de ações motoras e/ou observáveis, um behaviorista radical terá uma concepção bem mais ampla do termo. Essa divergência dos usos do termo comportamento, inclusive, tem causado grandes problemas de comunicação do Behaviorismo Radical com outras teorias. Como escreve Tourinho:

Relações comportamentais constituem o objeto da Psicologia, segundo a Análise do Comportamento. A terminologia empregada no tratamento dessas relações é estranha ao vocabulário mentalista que domina a comunicação cotidiana na cultura ocidental e, por vezes, estranha demais para tornar possível o diálogo com outras disciplinas ou abordagens psicológicas. (...)Relações comportamentais significam relações entre ações do homem e eventos do mundo físico e social com o qual ele interage.(TOURINHO, 2006, p.3)

A definição de comportamento enquanto relação entre organismo e ambiente, que envolve tanto o mundo físico (externo e interno) quanto o mundo social (incluindo aí também as relações interpessoais), é muito mais abrangente do que o uso comum do termo. Se relembrarmos que o Behaviorismo Radical não apenas considera como dá centralidade também aos comportamentos internos (pensamentos, sentimentos, emoções, etc), se torna difícil falar que um behaviorista radical  trataria “apenas o comportamento”. Quando um behaviorista radical fala da modificação de um comportamento, ele não se refere apenas a um modo de agir do indivíduo, a uma ação motora, a um hábito, mas o termo abrange tudo o que as outras teorias psicológicas se referem ao falar de ideias, pensamentos, desejos, subjetividade e quaisquer outros termos que poderiam ser chamados, talvez depois de realizada certa tradução, de comportamentos na definição do Behaviorismo Radical.

Só que, para Skinner (1974), o constructo “mente” traz mais questões insolúveis enquanto não acrescenta nada à explicação do fenômeno que se propõe a explicar. Dentre estas questões está, entre outras, como pode algo não-físico interagir com algo físico. O fato é que Skinner acredita que o comportamento pode (mesmo que ainda não tenhamos tecnologia para fazer isso minuciosamente) ser descrito em termos físico-químicos. Carrara sintetiza isso bem ao dizer:
Os processos biológicos (e, aí, também o comportamento), em última análise, podem ser descritos em termos físico-quimicos, (...) que é considerado uma forma de monismo fisicalista. Em outros termos, o Behaviorismo Radical não admite o dualismo e, nesse sentido, tudo o que se passa em termos de comportamento (seja ele aberto ou privado) pode ter apenas um estofo: o físico. (CARRARA, 1998, p.142-143).
O termo monismo fisicalista serve justamente para ressaltar que todo estofo de seu objeto de estudo é físico, demonstrando que, ao contrário do que por vezes apontam, o Behaviorismo Radical não ignora bases biológicas, pelo contrário, as pressupõe em suas análises e são constituintes fundamentais de suas conceituações. Veremos essa vinculação com a Biologia (particularmente a biologia evolucionista) a seguir.


A continuidade entre espécies


Ao contrário do que por vezes é espalhado (ver, por exemplo, aqui), não apenas Skinner respalda a teoria da evolução e seleção natural, como ela tem um papel central em suas principais obras (SKINNER 1949; 1953; 1974; 1987; 1990), sempre pressupondo que o organismo que ele analisava e teorizava a respeito de seu comportamento era fruto do processo de evolução das espécies pela seleção natural. Mais do que isso, “Skinner busca na seleção natural os princípios que orientam sua concepção de objeto” (MICHELLETO, 2001, p.42), até que “gradualmente estes princípios se estendem à própria noção de causalidade” (IBID).

Skinner via seu trabalho como complementar ao de Darwin:
No começo do século XIX, já era bem conhecido o fato de as espécies terem sofrido mudanças progressivas no sentido de formas mais adaptáveis. Estavam-se desenvolvendo ou amadurecendo e uma melhor adaptação ao meio ambiente sugeria uma espécie de propósito. Não se tratava de saber se ocorriam ou não mudanças evolutivas, e sim o porquê delas. Tanto Lamarck quanto Buffon recorriam ao propósito supostamente mostrado pelo indivíduo ao adaptar-se ao seu ambiente – propósito que, de alguma forma, se transmitia às espécies. Coube a Darwin descobrir a ação seletiva do ambiente, assim como cabe a nós completar o desenvolvimento da ciência do comportamento com uma análise da ação seletiva do meio. (SKINNER, 1974/2006, p.60-61)

O cerne dos modelos explicativos behavioristas radicais remete ao selecionismo, que nada mais é do que a aplicação do princípio da seleção natural (que é uma análise a nível filogenético, dizendo respeito à seleção de mutações gênicas de acordo com as consequências que ela produz) a outros níveis de análise, como à ontogenia (seleção de comportamentos devido às suas consequências) e à cultura (seleção de práticas culturais de acordo com as consequências que produzem). Em determinado nível, todo o pensar do Behaviorismo Radical sobre a questão básica de uma ciência do comportamento de “por que nos comportamos como nos comportamos?” remete ao modelo de Seleção por Consequências, que nada mais é do que um análogo da seleção natural:

(...) ao longo deste processo [de mutabilidade], alguns comportamentos surgem, outros se mantém por longos períodos, enquanto que outros desaparecem. Para responder a essas questões, a estratégia básica da análise do comportamento se assemelha à da Biologia evolucionária que investiga o contínuo de variação (aparecimento) e seleção (manutenção ou desaparecimento) do seu objeto de estudo. (HUNZIKER, 2001, p.228)

Como extensão disso, o Behaviorismo Radical não acredita que haja uma ruptura/diferença suficiente entre o ser humano e os demais animais que impeça que se estudem aspectos também presentes no homem a partir de outros animais. A Análise do Comportamento é bem conhecida – e muitas vezes criticada – pelas experiências que realiza com ratos, pombos, cães e outros animais não-humanos. Muitos dos resultados dessas experiências são utilizados para a compreensão do comportamento humano, o que obviamente significa que se pressupõe uma continuidade entre espécies, uma consequência da seleção natural.

A continuidade entre espécies dita que não há uma ruptura abrupta entre o ser humano e os demais animais, de modo que, embora não sejamos de modo algum idênticos aos demais animais, os princípios básicos que controlam o comportamento, tanto do ser humano quanto dos demais animais, são os mesmos. Então, da mesma forma que um fisiologista poderia demonstrar os princípios básicos do funcionamento do organismo humano através da dissecação de outro animal – demonstrando os músculos lisos, a medula espinhal, as conseqüências de um dano ao córtex, o funcionamento de órgãos internos, etc – um analista do comportamento poderia demonstrar os princípios básicos do comportamento humano através de experimentos com ratos.

Em nenhum dos casos, tanto do fisiologista quanto do analista do comportamento, acredita-se que o ser humano seja idêntico aos demais animais, mas que tenha um funcionamento básico similar. As diferenças teriam de ser devidamente consideradas, da mesma forma que um fisiologista provavelmente não seria prudente ao ensinar o funcionamento do cérebro humano a partir do de uma rã, um analista do comportamento tem de fazer muitas considerações a respeito de características especificamente humanas e levá-las em consideração em sua análise. Como aponta Skinner, “dizer que o comportamento nada mais é do que uma resposta a estímulos constitui uma ultra-simplificação. Dizer que as pessoas são exatamente como os ratos ou os pombos é uma ingenuidade.” (SKINNER, 1974/2006, p.195)

Esclarecidos esses pontos, na próxima parte trataremos da visão behaviorista radical a respeito do conhecimento, da realidade e do critério de verdade. Aí sim a coisa começará a complicar um pouquinho.



Referências:

BAUM, William M., Compreender o behaviorismo: Ciência, Comportamento e Cultura – Porto Alegre: Editora Artes Médicas Sul Ltda., 1999

CARRARA, Kester. Behaviorismo radical: crítica e metacrítica. São Paulo, Marília: UNESP / FAPESP, 1998

HUNZIKER, M.H.L. (2001) O estudo do desamparo aprendido como estratégia de uma ciência histórica/ in Guilhardi, Hélio José, et AL; Sobre Comportamento e Cognição: expondo a variabilidade – Org. Hélio José Guilhardi. 1. Ed. Santo André, São Paulo: ESETec Editores Associados, 2001. V.7

MICHELLETO, N. Bases filosóficas do behaviorismo radical. In BANACO, Roberto Alves et al. Sobre Comportamento e Cognição: aspectos teóricos, metodológicos e de formação em análise do comportamento e terapia cognitivista. 1ª edição, Santo André, SP. Editores Associados, 2001

SKINNER, B.F. A psicologia pode ser uma ciência da mente?. 1949. Disponível em: http://www.terapiaporcontingencias.com.br/pdf/skinner/A_Psicologia_pode_ser_uma_ciencia_da_mente.pdf

SKINNER, B.F. Ciência e comportamento humano. 2ª edição – Editora Universidade de Brasília, 1970
Original de 1953

SKINNER, B.F.. Sobre o behaviorismo/ 10ª edição – São Paulo: Cultrix, 2006

SKINNER, B.F. Contingências de reforço: uma análise teórica. 2.ed – São Paulo: Abril Cultural, 1984.

TOURINHO, E.M. Relações comportamentais como objeto da Psicologia: algumas implicações. Interação em Psicologia, 2006, 10(1), Curitiba, 2006 Disponível em:<http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/view/5792/4227

15 comentários:

  1. Muito esclarecedor! Adorei.

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  2. Mandou bem demais demais!

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    1. Opa! Fico contente! Espero que sirva para ajudar a esclarecer alguns equívocos e sintetizar esses importantes princípios para algumas pessoas.

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  3. A crítica do Pinker ao Skinner não é de que este último nega a evolução das espécies darwiniana, mas sim a influência da evolução na constituição da mente.

    Essencialmente, a negação da psicologia evolucionista.

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  4. Skinner não nega a evolução na constituição da mente. O que ele descarta é o conceito de módulo empregado pela psicologia evolucionista. Felipe, vc não pode perder de vista que o selecionismo atravessa toda a filosofia do Skinner.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Anônimo,

      Queres suscitar uma discussão sem futuro. Em discussões como essa, estou cansado de ver gente apontando conceitos mais específicos que poderiam ser usados. Sim, ao pé da letra, você está certo.

      O debate é mais produtivo se ignorarmos esses detalhes. Creio que todos entenderam o que quis dizer (que os comportamentos alegadamente adquiridos em nosso passado pelos psicólogos evolucionistas não são considerado por Skinner como tais)

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  5. Engano o seu, Felipe. O conceito de módulo é central no desencontro entre a abordagem do Pinker e a do Skinner. Em última análise, o problema está no conceito de representação.

    Diferente do que você afirma, não está claro na sua primeira postagem que a questão é "comportamentos adquiridos em nosso passado", também não está claro quais são estes comportamentos que, de acordo com os psicólogos evolucionistas, Skinner não leva em conta em sua abordagem sobre a "constituição da mente", muito menos está claro o que você quer dizer com esta expressão. De qualquer maneira, pelo menos em princípio, não há recusa destes comportamentos na abordagem skinnerina. Em tal abordagem, a existência de formas de se comportar específicas das espécies são decorrentes do primeiro nível de seleção. Como já afirmado, o selecionismo atravessa toda a teoria do Skinner e é primordial no explicação dos 3 níveis de seleção: filogenética, ontogenética e cultural.

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  7. Ok, Anônimo! Se não entendeu, obviamente foi pela minha óbvia falta de habilidade em expressar minhas ideias. Tentarei novamente:

    Os psicólogos evolucionistas encaram a mente como sendo constituída por módulos mentais, que apresentam algoritmos específicos para lidar com diversos processos (Duchaine, Cosmides & Tooby, 2001). Esses algoritmos foram selecionados de forma que aqueles que proporcionaram uma maior adaptabilidae (fitness) prevaleceram (Symons, 1992).

    “... a mente é um sistema de órgãos de computação, projetados pela seleção natural para resolver os tipos de problemas que nossos ancestrais enfrentavam em sua vida de coletores de alimentos, em especial entender e superar em estratégia os objetos, animais, plantas e outras pessoas” (Pinker, 1997)

    Homens relatam um maior grau de ciúmes diante da ideia de contato físico. Mulheres têm mais ciúmes diante de um possível envolvimento emocional. David Buss (2001) explica o achado como uma consequência de maneira como nossos ancestrais acasalavam, à forma como vivíamos em comunidade durante o Pleistoceno e a características fisiológicas intrínsecas do H. sapiens (espermatozóide são baratos, óvulos são caros, mulheres engravidam, homens não). Duvido que Skinner ou outro Behaviorista Radical explicariam esses achados da mesma forma.

    Logo, a psicologia evolucionista atribui um valor muito maior à evolução na constituição da mente (como descrevi acima, na forma de algoritmos "prontos"/módulos mentais que sofrem, diretamente, pressão seletiva) que aquele que Skinner estaria disposto a dar. Daí vem minha primeira afirmação:

    "A crítica do Pinker ao Skinner não é de que este último nega a evolução das espécies darwiniana, mas sim a influência da evolução na constituição da mente."

    Pinker, S. (1997). Como a mente funciona. São Paulo: Companhiadas Letras

    Duchaine, B., Cosmides, L., & Tooby, J. (2001). Evolutionary Psychology and the Brain. Current Opinion in Neurobiology, 11, 225-230

    Symons, D. (1992) On the use and misuse of Darwinism in the study of human behavior. In J. Brkow, L. Cosmides & J. Toby (Orgs.), The adapted mind (pp.137-159). New York: Oxford University Press

    Buss, D.M., "The Dangerous Passion: Why Jealousy is Necessary in Love and Sex". Bloomsbury Publishing PLC, 2001. -ISBN 978-0-7475-5360-1

    PS: Espero que tenha entendido agora.

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    1. Agora ficou claro. Deixa eu tentar esclarecer algumas coisas então.

      Primeiro é preciso dizer que a "evolução da mente" não significa a postulação de módulos mentais para explicar o comportamento dos organismos. Esta é apenas uma estratégia metodológico da psicologia evolutiva para estudar fenômenos relacionados a resolução de problemas e a adaptação. Módulos mentais, além de carecer de uma definição satisfatória, são entidades inferidas.

      Um segundo ponto é: o que um behaviorista radical e o que um psicólogo evolucionista entendem pelo conceito mente são coisas diferentes. Mente para o behaviorista radical é apenas uma metáfora útil, um termo do vernáculo que serve para categorizar diferentes padrões de comportamento em contextos específicos. Ou seja, a ideia de uma mente reificada em módulos mentais é descartada. A explicação para o behaviorista radical será dada em outros termos, ela deverá ser encontrada nas contingências, seja de sobrevivência, seja de reforço/punição.

      Além do mais, a explicação histórica dada pelo Buss ao fenômeno "ciúme" também é utilizada nas explicações comportamentais, sendo que não consigo imaginar o que leva você a sustentar que "Duvido que Skinner ou outro Behaviorista Radical explicariam esses achados da mesma forma". De qualquer maneira, esta hipótese dele para explicar diferentes padrões cognitivos para homens e mulheres para este fenômenos em particular aparenta ser bastante frágil e parece mesmo haver nela algo reducionista ao desconsiderar aspectos contextuais e interacionais dos indivíduos.

      Para uma crítica desta hipótese levantada pelo Buss, ver "Costa, N., & Barros, R. S. (2008b). Test de definición y de una hipótesis sobre la diferencia de género bajo la óptica del análisis de la conducta. Terapia Psicológica, 26, 1, 15-25." - http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-48082008000100002

      Para uma avaliação crítica de algumas abordagens cognitivas sobre o ciúmes (psi evolucionista e social-cognitiva) e para uma explicação detalhada do fenômeno do ciúmes sob uma ótica analítica comportamental, olhar "Costa, N.(2009). Busca de definição operacional de ciúme: uma construção teórica e empírica. Tese de doutorada não publicada." http://www.ufpa.br/ppgtpc/dmdocuments/DOUTORADO/TeseNazareCosta2009.pdf

      Por fim, penso que sua conclusão não está justificada. Pinker não dá um peso maior à evolução do que Skinner para explicar "aspectos mentais" dos indivíduos. O que há é uma diferença entre os modelos explicativos utilizado por um e por outro. Skinner está interessado na seleção dos comportamentos pelas consequências e, para levar a cabo o seu projeto de uma psicologia comportamental, ele lança mão da teoria da evolução para explicar o processo de seleção do comportamento em três níveis distintos. O que eu disse antes ainda vale aqui, é o selecionismo que não pode ser perdido de vista na aproximação entre a teoria da evolução e a psicologia.

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  9. Esse seu último post foi bastante esclarecedor

    Entendi a confusão em torno de usar o termo 'mente'.

    Vou tentar uma nova formulação, arriscando usar uma terminologia "behaviorista":

    O que quero dizer é que é o Behaviorismo Radical (e aqui me refiro aos autores e trabalhos com que já tive contato) costumam dar uma importância muito maior aos níveis de seleção ontogenética e cultural que ao filogenético.

    Para os psicólogos evolucionistas, a filogênese seria responsável por boa parte dos algoritmos realizados (em termos de comportamento) por nós e a seleção por consequências ontogenética e cultural teriam papéis "reguladores".

    Em uma analogia computacional, para os psicólogos evolucionistas, seria como se os cérebros viessem com sistema operacional e programas já escritos, compilados e operantes, com o ambiente tendo apenas a função de modular eles. Numa perspectiva behaviorista, muita coisa do código-fonte dos programas (os algoritmos internos) ainda seria alterada durante o uso.

    Em PE, você digitaria apenas os endereços dos sites em seu navegador, enquanto que no BR, você modificaria (através de aprendizado) também os protocolos usados na conexões, portas-padrões e etc.

    Pode ser que os behavioristas dêem um valor maior ao nível filogenético do que o que eu imagino e este seja uma conceito errado que tenho.

    Foi o que senti no artigo e na tese que você recomendou. Lerei com mais calma depois, mas apesar de adotar uma postura conciliadora entre TSC e PE, a autora não tem medo de considerar as diferenças sexuais (até porque os dados apontaram isso) e a explicação dada por Buss.

    Fico grato se puder continuar me ensinando.

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  10. BOM TRABALHO ESCLARECEDOR E COM BASTANTE NETRALIDADE SOBRE ASPECTOS TÃO DIFICEIS

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